VOLTAR À BIBLIOTECA PÚBLICA…hábito perdido ou medo?

Ana Miguel (Biblioteca Municipal Lídia Jorge - Albufeira)

Após dois anos de constrangimentos no acesso aos múltiplos espaços públicos, o regresso a uma certa normalidade proporcionou o retorno às bibliotecas públicas e aos serviços habituais sem poucas ou nenhumas limitações. A pandemia trouxe uma reinvenção do papel da biblioteca no seio da comunidade que integra, promovendo novas abordagens, serviços inovadores, procurando contornar as dificuldades impostas pelo SARS-Cov 2 para chegar aos seus leitores. 

Na verdade, a situação pandémica resultou na implementação de novas práticas por forma a facilitar e agilizar a relação com os utilizadores. No caso da BIBAL – Rede de Bibliotecas do Algarve, a disponibilização do serviço de PressReader tornou-se um exemplo paradigmático. O digital assumiu um papel fundamental e contribui para a qualidade do serviço oferecido, construindo uma nova ponte entre biblioteca e utilizador.

Contudo, após reabertura dos espaços físicos e a normalização de horários e serviços, o leitor poderá eventualmente sentir algum receio em retomar os seus hábitos, nomeadamente voltar a frequentar os espaços físicos das bibliotecas, essencialmente por razões de segurança relacionadas com o número de pessoas quer nas salas quer nas atividades desenvolvidas e divulgadas junto dos públicos.

Por outro lado, a impossibilidade de frequentar estas instituições durante os períodos de confinamento mais severo, e a posterior implementação de limitações nos serviços habituais provocou uma quebra no hábito da deslocação à biblioteca, principalmente nas atividades divulgadas e organizadas para diversos grupos, seguindo os protocolos de segurança e higiene obrigatórios.

Por estas razões, as bibliotecas públicas notam uma diminuição na afluência aos seus espaços, mas sobretudo na participação de atividades programadas de forma já regular.

Como sempre, há que recorrer a estratégias para ganhar a confiança dos utilizadores no seu regresso aos espaços físicos destas instituições. Muitas bibliotecas têm na sua entrada o selo “Clean & Safe”, mas todas elas garantem os cuidados necessários para que os utentes possam desfrutar de uma visita segura. 

Aos poucos, os leitores voltam e, em certos casos, as bibliotecas registam novas inscrições, resultado dos novos serviços digitais recentemente disponibilizados. O regresso é progressivo e contínuo. A afluência aumenta aos poucos, com os estudantes a garantirem a ocupação das salas de estudo e os “habitués” a tomarem o seu café lendo o jornal.

Como agente social, hoje, a biblioteca pública continua a promover a inclusão digital, na disponibilização da informação em múltiplos suportes, e na dinamização cultural programada para vários públicos, mantendo a sua importância e ocupando um lugar de destaque no desenvolvimento da comunidade que serve.

JULHO 2022.

 

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