Rute Guerreiro (Biblioteca Municipal de Silves)

Na data em que se assinala o 39º aniversário da RNBP – Rede Nacional de Bibliotecas Públicas, a BIBAL – Rede Intermunicipal das Bibliotecas do Algarve associa-se a esta efeméride através da realização de várias iniciativas culturais dirigidas a toda a comunidade. Nunca é demais (re)lembrar a importância das bibliotecas públicas para a sociedade, na medida em que são, por excelência, locais de aprendizagem, de fruição e de encontro. Visitar a biblioteca mais próxima é abrir uma porta para o conhecimento, proporcionando este a construção de uma cidadania mais forte e plural.

Mas porque celebram as bibliotecas públicas municipais o dia 11 de março? 

Em 2020 o Grupo de Trabalho das Bibliotecas Públicas da BAD fez uma primeira proposta nesse sentido, mas foi a partir de 2021 que o dia 11 de março passou a assinalar o Dia da Rede Nacional de Bibliotecas Públicas. Recorrendo à história, foi no ano 1986, através do Despacho 23/86 de 11 de março, assinado pela então Secretária de Estado da Cultura, Drª Teresa Patrícia Gouveia, que se formou um grupo de trabalho para apresentar uma política de bibliotecas públicas a cooperar em rede. Tratou-se de um projeto de grande visão e envergadura para a constituição de uma política nacional de Leitura Pública. Com efeito, no ano seguinte, também a 11 de março, o Decreto-Lei 111/87 veio a permitir a criação de um programa de cooperação técnica e financeira entre a Administração Central e os municípios, por forma a viabilizar a construção de bibliotecas públicas municipais em cada concelho, de forma faseada. Esse foi um longo caminho, percorrido com esforço e dedicação pelos profissionais desta área, permitindo reduzir, tanto quanto possível, as assimetrias existentes no nosso território ao nível do acesso à informação e ao conhecimento. Ao longo destes trinta e muitos anos muita história haverá por contar no caminho trilhado por cada biblioteca. 

Mais recentemente foi incentivada pela Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas a criação e formalização de redes intermunicipais no seio das Comunidades Intermunicipais (CIM)/Áreas Metropolitanas (AM), para promover a cooperação entre as bibliotecas e uma maior rentabilização dos seus recursos, resultando na disponibilização de melhores serviços para as comunidades. Esta política foi ao encontro dos objetivos dos técnicos responsáveis das quinze bibliotecas públicas municipais do Algarve (doze delas integradas na RNBP). 

As primeiras redes intermunicipais foram criadas em 2017 e a Rede Intermunicipal das Bibliotecas do Algarve, em dezembro de 2018, o que tem permitido planear e realizar projetos comuns que potenciam uma melhor resposta às necessidades das populações. 

Todas as bibliotecas oferecem na sua vertente mais tradicional os livros, mas apostam também no acesso à internet e, mais recentemente, em projetos digitais como o PressReader e a BiblioLED. Além disso, proporcionam uma oferta de atividades culturais diversificadas, constituindo tudo isto um motivo bastante apetecível para a sua utilização. 

A propósito, já visitou a sua biblioteca municipal? 

ABRIL 2025

 

João B.Ventura (Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.)

Inaugurada há 31 anos, a Biblioteca Municipal Manuel Teixeira Gomes, em Portimão, permanece como um espaço urbano que liberta magia, com um ambiente de esperança e boa vontade, contribuindo, por um lado, para a afirmação de uma nova centralidade e, por outro, para a recuperação da noção de lugar.

As formas híbridas, a organização espacial aberta, as simetrias e assimetrias, o vidro e a transparência, a luminosidade e o brilho, as suas funcionalidades, os movimentos, as múltiplas conexões espaciais e sociais que se produzem e reproduzem no seu interior, são indícios de uma geografia que deixa transparecer a sua missão, objetivos, usos, assim como a sua ordem. Uma ordem que expressa os ideais de acesso público à informação e à cultura e evoca a centralidade da educação, ao mesmo tempo que representa a transformação do conceito de biblioteca enquanto "espelho da sociedade", tendo, por isso mesmo, se tornado num lugar de confluência de valores plurais. 

A perceção do espaço da biblioteca através das formas, das cores, dos materiais e da forma como tudo se encontra organizado multiplica os estímulos, define funções, convidando à descoberta. Trata-se de uma espécie de encenação que faz intervir os próprios limites da arquitetura, da iluminação, da circulação e acesso aos documentos como fatores desencadeadores de opções, de escolhas, de itinerários e imaginários do leitor no universo dos livros.

A biblioteca, ou antes, o edifício da biblioteca apresenta-se, ainda antes de ultrapassarmos o seu limiar, como uma dupla montra, primeiro, evocando as montras do comércio tradicional, às vezes das livrarias, e, depois, através da luz e da transparência que irradia para o exterior, mostrando os seus valores sociais.

A biblioteca é também um lugar de afetos, de partilhas, de viagens. Isto é, um lugar vivido, polarizado afetivamente pelos atores-leitores que aí gravitam, recriando no seu interior uma tranquilidade contagiante que convida a entrar e a permanecer. E neste sentido recuperam a qualidade antropológica de “lugar”, identitário, histórico, relacional, refundando o conceito de "espaço liminar". E transformando-se, às vezes, num espaço onde, tal como numa paisagem urbana ou campestre, o mistério e a descoberta se encontram inscritos em todos os cantos e recantos.

Uma biblioteca que convida a entrar e nela permanecer, e que, desde o exterior convida quem passa a adivinhar, através da transparência das suas paredes de vidro, o rumor dos livros e imaginar os seus espaços interiores, abertos, funcionais. Primeiro, o átrio, amplo e convidativo, com o balcão de atendimento e informação. Lugar de passagem ou permanência breve dos livros que foram lidos e devolvidos. Também lugar de exposição de novidades. Depois, a zona dos jornais e revistas. Espaço de informação onde também se pode ouvir música: Mozart, Doors, Madredeus, Charlie Parker. Mais adiante, Spielberg ou Manuel de Oliveira. A transparência das estantes, o mobiliário humanizado. Os jogos e os livros de contos no setor das crianças. Do lado oposto, mas comunicando através de pátios interiores envidraçados, o setor de adultos. Estantes abertas, em livre acesso, despertam a curiosidade. O desejo de ver, pegar, folhear, saltar para o livro do lado. A voz secreta dos livros. Os grandes navios que partem, no poema de Álvaro de Campos. Ou o cais de partida para a navegação mais contemporânea na Internet.

Como muitas outras bibliotecas da Rede, a Biblioteca Municipal Manuel Teixeira Gomes é uma biblioteca de "plano aberto", num só piso, oferecendo o livre acesso às estantes e a possibilidade de escolha direta dos livros, dos vídeos, dos discos. Tal como num supermercado, a traduzir a adaptação aos ideais contemporâneos de democratização do saber e uma nova conceção de gestão biblioteconómica, orientada preferencialmente para a difusão da informação, secundarizando a vertente da conservação.

Esta biblioteca aproxima-se da representação que muitos bibliotecários têm da biblioteca ideal. Espaços abertos, interiores luminosos, com visibilidade a partir do exterior para revelar a presença humana, os leitores, as estantes cheias de livros, desvendando a sua natureza, simultaneamente, de lugar social e lugar de armazenamento e disponibilização de livros. 

Uma biblioteca que convida a entrar, corroborando a convicção partilhada por muitos bibliotecários de que os leitores vão às bibliotecas quando elas lhes estão próximas e, particularmente, quando a sua organização escapa ao espaço fechado e silencioso e a sua imagem não é de austeridade, mas antes um espaço vivo, funcional e acolhedor, simultaneamente de informação, cultura e lazer.

Tudo bons motivos para ir à Biblioteca.

DEZEMBRO de 2024.

 

Rita Moreira (Biblioteca Municipal de Loulé)

Foi a 27 de outubro de 1960 que a então vila de Loulé assistiu ao nascimento da sua primeira Biblioteca Pública.

Este importante serviço foi fruto de uma colaboração com a Fundação Calouste Gulbenkian que, após ter ocupado vários espaços, fixou-se na Rua José Afonso, num edifício construído de raiz, financiado pela atual DGLAB - Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas e pela Câmara Municipal de Loulé. 

O novo edifício inaugurou a 29 de dezembro de 2001 e abriu portas a 08 de março de 2002.

O fundo documental que, até então, pertencia à Fundação Calouste Gulbenkian, foi doado à nova Biblioteca Municipal e integrado. Com a mudança para o novo edifício, foi deliberado atribuir o nome de Sophia de Mello Breyner Andresen à Biblioteca Municipal, com o objetivo de prestigiar a escritora. Entretanto, a Biblioteca Municipal tem-se desdobrado por algumas extensões, para se aproximar da população, encontrando-se em funcionamento o Polo de Salir, o Polo de Quarteira, o Polo de Alte e a Biblioteca Itinerante (Bibliomóvel). Muito brevemente, ainda em 2024, abrirá portas o Polo da Biblioteca em Almancil, inserido no Pavilhão Multiusos. Novos projetos em fase de planeamento e conceção. 

O edifício da Biblioteca Municipal Sophia de Mello Breyner Andresen é constituído por cave, rés-do-chão e 1º piso. Na cave funcionam as zonas de depósito. No rés-do-chão encontra-se a receção, o serviço de fotocópias e impressão de documentos, a sala polivalente e átrio, a área de periódicos, a área audiovisual, o jardim e uma área de acesso reservado constituída por gabinetes de trabalho e sala de tratamento documental. No 1º piso a área adulto, a área infantojuvenil, a bebéteca, o ateliê de expressão plástica e o cantinho da hora do conto.

Inaugurado a 30 de abril de 2005, o Polo da Biblioteca em Salir conta com um fundo de cerca de 6.400 títulos, repartidos entre material livro e material não-livro.

O Polo encontra-se repartido por três espaços distintos, destinados a leitura presencial de adultos (fundo livro e periódicos), infantojuvenil e audiovisuais (em que se incluem dois postos de audição/visualização e também três computadores com acesso à internet e consulta no catálogo da Biblioteca).

No ano de 2013, a 13 de maio, inaugurou-se o atual Polo de Quarteira, na antiga sede da Junta de Freguesia. O fundo documental do Polo é composto por 8 mil livros e 1100 CDs e DVDs e divide-se nas seguintes áreas: área infantojuvenil, receção, 5 mesas com computadores com ligação à internet, espaço para leitura de periódicos (jornais e revistas), área audiovisual e área adulto.

O Polo da Biblioteca em Alte está integrado no edifício que também alberga o Polo Museológico Cândido Guerreiro e Condes de Alte. Inaugurado a 12 de fevereiro de 2020, agrega os seguintes espaços: leitura e consulta, área de periódicos, área audiovisual, área adulto e área infantojuvenil.

A Biblioteca Municipal de Loulé, que é associada da UNESCO, faz parte das seguintes redes: Rede Nacional de Bibliotecas Públicas, Rede Intermunicipal daas Bibliotecas do Algarve e Rede de Bibliotecas do Concelho de Loulé.

Atualmente, a Biblioteca Municipal de Loulé tem, no seu fundo documental, uns orgulhosos 107 mil livros que se encontram à disposição de todos e de todas.

JULHO 2024

Olga Gago – Biblioteca Municipal de S. Brás de Alportel

Inaugurada em 01 de junho de 2001, a Biblioteca Municipal Dr. Estanco Louro foi pensada e planeada na década de 90 do séc. XX. Inserida no coração do centro histórico da vila, onde outrora fora uma antiga moagem de cereais, com porta para a antiga Calçadinha Romana e tendo como horizonte a longínqua linha do mar, esta seria a primeira biblioteca municipal moderna da beira serra algarvia, pública, gratuita, que disponibilizava livros, discos, filmes, jornais e revistas, para todas as faixas etárias e com acesso a computadores e serviços de internet.

Desde o seu início, a Biblioteca Municipal definiu como prioridades orientar a sua ação para a formação de leitores e ser um local aberto à comunidade, acolhendo vários projetos, atividades e iniciativas.

Volvidos 23 anos desde a sua abertura, a Biblioteca Municipal Dr. Estanco Louro continua a ser um espaço de portas abertas a todas as manifestações culturais e a todos os utilizadores que que a procuram.

Leitores, utilizadores ou simples visitantes, podem usufruir de uma programação cultural variada, composta por um conjunto de atividades culturais e educativas direcionadas para todas as idades e públicos (crianças jovens, adultos, séniores e famílias) onde se incluem as tradicionais horas do conto para famílias, os ateliês criativos e educativos, os workshops de música ou teatro para crianças e famílias, as apresentações de livros, os recitais de poesia, os clubes de leitura juvenil e de adultos, as sessões de jogos de tabuleiro, os ateliês de artes manuais para crianças e séniores.

A par da programação cultural, a biblioteca disponibiliza também um conjunto de serviços aos leitores, aos utilizadores e à comunidade, dentro e fora de portas. Se no espaço físico da biblioteca o leitor e utilizador pode usufruir dos diferentes setores, equipamentos e recursos para trabalhar, ler, fazer empréstimos e participar nas atividades programadas, através dos serviços externos, nomeadamente, através da Biblioteca Itinerante de Adultos e Biblioteca Itinerante Infantil as comunidades e instituições de ensino das zonas rurais podem usufruir de um serviço de empréstimo domiciliário personalizado.

A sensibilidade e investimento contínuo do Município na Biblioteca Municipal, embora limitado, permite não só uma oferta cultural razoável como uma atualização do fundo documental, de modo a dar resposta aos interesses literários dos cerca de 6400 leitores inscritos.

Tal como há 23 anos, e agora mais do que nunca, o trabalho da biblioteca desenvolve-se em rede, numa base de partilha, rentabilidade e sustentabilidade de atividades e recursos humanos, técnicos, materiais e físicos. A Biblioteca integra a Rede Nacional de Bibliotecas Públicas (RNBP), a Rede Intermunicipal de Bibliotecas do Algarve (BIBAL) e a Rede de Bibliotecas do Concelho de São Brás de Alportel.

AGOSTO 2024

 

Margarida Telmo (Biblioteca Municipal de Olhão)

A 16 de junho de 2008, coincidindo com o dia da cidade, era inaugurada a novel Biblioteca Municipal de Olhão. Dois sentimentos fortes deambulavam por entre as muitas dezenas de olhanenses que assistiram à cerimónia de inauguração: o de que a cidade passava a ter uma das mais bonitas Bibliotecas do Algarve, com uma traça original herdada do antigo edifício e cujo espaço impressionava pela sua polivalência e dimensão, mormente quando comparado com os anteriores que albergaram a então Biblioteca Municipal; mas, também, um sentimento de pertença comunitária que ligou de imediato os olhanenses à sua nova Biblioteca, pois fora precisamente neste espaço em que muitos haviam nascido. O desocupado e antigo Hospital da Nossa Senhora da Conceição fora convertido em espaço cultural, mantendo, contudo, a fachada antiga, essa herança de 1884, quando a comunidade piscatória mandou construir, a expensas próprias, o seu hospital. 

A Biblioteca Municipal é herdeira de uma já existente biblioteca fixa da Fundação Calouste Gulbenkian, que doou o seu espólio de mais de quinze mil (15.000) livros ao Município de Olhão. Não obstante, hoje o fundo documental da Biblioteca Municipal já conta com mais de cinquenta mil (50.000) livros. 

A Biblioteca está dividida em três pisos:
No primeiro encontra-se o átrio, o balcão de atendimento, o setor de adultos, a zona de leitura de periódicos e revistas, zona de visualização de DVD e duas de computadores públicos, bem como um pátio exterior. É em torno deste pátio que se distribui o primeiro piso, logrando uma apreciada luz natural. É também neste piso que se encontra a sala de manutenção e o depósito, ambos os espaços vedados ao público. 

O piso superior é o espaço reservado aos mais novos, dividido em bebeteca, espaço infantojuvenil e sala do conto. No seguimento destes espaços, os gabinetes técnicos, sala de reuniões, bem como a sala de tratamento técnico. 

No piso inferior, a sala polivalente, a galeria e a cafetaria. 

Em reunião de câmara, a 12 agosto de 2018, este órgão deliberou que José Mariano Gago passaria a ser o patrono da Biblioteca, designando-se, desde então e oficialmente, Biblioteca Municipal de Olhão – José Mariano Gago. 

Atualmente, a Biblioteca Municipal de Olhão é um espaço multicultural. Palco privilegiado para a Literatura é também um lugar para o teatro, espetáculos performativos, música, exposições, debates, formações, workshops, etc. Deste modo, complementa a oferta cultural proposta pelo Município e vai ao encontro de outros públicos. 

Ademais, fruto do trabalho dos técnicos da Biblioteca, há um leque muito abrangente de atividades propostas para o espaço da Biblioteca que vai ao encontro de quase todas as faixas etárias, desde bebés, crianças, estudantes, chegando às comunidades residentes em lares. Há também vários projetos itinerantes que levam a Biblioteca à comunidade prisional, aos infantários, às escolas e aos lares de terceira idade. 

Para além da programação cultural que propõe ao Concelho e à Região, a Biblioteca Municipal é um espaço predominantemente aberto à comunidade, acolhendo com regularidade eventos culturais, apresentações de livros e exposições.  

JUNHO 2024

 

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