“É UM MUNDO NOVO QUE ESTÁ A MUDAR-NOS A TODOS” (1)

Olga Gago e Teresa Oliveira (Biblioteca Municipal de São Brás de Alportel)

O trabalho colaborativo e partilhado entre bibliotecas gera condições para fazer emergir uma inteligência e criatividade coletivas necessárias para enfrentar e resistir perante os desafios complexos do mundo atual.

A velocidade de produção e acumulação de informações exigem às bibliotecas perícia na sua seleção, comparação e, até, combinação, de modo a difundirem dados e fontes fiáveis.

Os perfis dos utilizadores das bibliotecas são hoje mais diversificados que no século XX. De um modo geral, exigem novidade, variedade, fiabilidade de informações e documentos, autonomia de pesquisa e fácil acesso, associado a um atendimento personalizado e rápido. Para cada pergunta haverá sempre uma resposta. Para cada pedido, uma solução satisfatória e rápida.

Ao trabalharem em rede, as bibliotecas partilham recursos, competências e experiências, e conseguem:

- Multiplicar os recursos informativos que cada uma, per si, dificilmente poderia obter;

- Fazer chegar as suas iniciativas e atividades a um público mais vasto;

- Implementar programas culturais e educativos reduzindo os custos;

- Inovar e implementar novas metodologias de trabalho e novas técnicas profissionais;

- Organizar ações de formação contínua, de modo a garantir a qualidade e a inovação;

- Prever as necessidades dos utilizadores e antecipar soluções, pois constituem grupos de reflexão e ação;

- Criar uma “voz” e uma identidade institucional no contexto do concelho ou da região.

Nos concelhos do Algarve, as redes de bibliotecas organizaram-se em torno das bibliotecas municipais. Fazem parte destas redes, além da biblioteca municipal, as bibliotecas escolares dos agrupamentos de escolas, bibliotecas de associações e fundações, bibliotecas especializadas de museus, centros de documentação de organismos especializados e, num futuro breve, bibliotecas particulares com coleções de valor patrimonial ou especializadas.

No Algarve, além das redes em cada concelho, foi também criada a Rede Intermunicipal de Bibliotecas (BIBAL) que integra 15 bibliotecas municipais, as bibliotecas itinerantes e as bibliotecas da Universidade do Algarve.

Entre as múltiplas atividades desenvolvidas pelas bibliotecas, a nível concelhio e a nível regional, destacam-se:

- Programas de formação de leitores dirigidos a crianças, jovens, famílias, seniores, minorias étnicas, emigrantes, entre outros grupos;

- Programas de formação, no âmbito das literacias digitais;

- Catálogos coletivos online, páginas eletrónicas, blogues e presença nas redes sociais;

- Feiras do livro e exposições bibliográficas;

- Encontros com escritores, cientistas, artistas e outras personalidades;

- Concursos literários;

- Promoção dos autores algarvios;

- Programas de preservação do património documental.

As redes de bibliotecas definem as suas estratégias e objetivos, de acordo com as necessidades das comunidades, atuando para lá das paredes que resguardam os documentos e têm um papel decisivo na formação contínua das populações, dando resposta não só ao que precisam hoje, mas antecipando o que ainda não intuem que irão necessitar, no âmbito da informação e educação, num futuro breve.

(1) A Idade das descobertas: o segundo Renascimento / Ian Goldin, Chris Dukarna.- Lisboa: Temas e Debates, p. 68

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