Combate à seca no Algarve origina reunião entre AMAL e entidades responsáveis

“A questão da seca no Algarve é preocupante. Temos de ser proactivos e começar já a desenvolver, no terreno, medidas de curto prazo para a mitigação das alterações climáticas que assolam a nossa região”. Foi desta forma que António Pina, presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve começou a reunião que decorreu, na sede da AMAL, com todos os representantes das autarquias algarvias, o vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente e o responsável pelas Águas do Algarve.

O encontro decorreu na sequência de uma reunião de trabalho que já tinha acontecido no final de novembro, com a presença dos ministros do Ambiente, Agricultura, secretária de Estado do Turismo e empresas ligadas ao setor do turismo, mas agora com a presença dos responsáveis dos 16 municípios algarvios.

O foco da reunião foi a seca que se faz sentir na região e as medidas necessárias de combate às alterações climáticas a curto, médio e longo prazo.

O vice-presidente da APA, Pimenta Machado, começou por dar conta, em traços, gerais, da capacidade atual das barragens na região, revelando que a zona do sotavento é a que traz mais preocupações e que, “se não chover teremos, com toda a certeza, um problema de falta de água no próximo ano”.

Para aquele responsável é fundamental continuar, e reforçar, as medidas de contigência já identificadas, como sejam a sensibilização da população para esta problemática, a reutilização das águas residuais e as restrições no licenciamento de novas captações de água subterrânea, medidas que, segundo o mesmo, já estão em vigor.

O documento que contemplará as medidas para mitigar esta questão - “Plano Regional de Eficiência Hídrica do Algarve” – já identifica algumas medidas que devem ser desde já postas em prática, nomeadamente a medição exata das disponibilidades de água na região, os consumos hídricos atuais, e ações que promovam soluções, a curto e médio prazo, como seja a reutilização de água tratada.

De acordo com o representante da empresa Águas do Algarve, Joaquim Peres, “este problema existe, e é estrutural, não é circunstancial”. Referindo que a empresa já começou a desenvolver algumas ações no sentido de diminuir esta situação, referiu que é mesmo fundamental que se equacione de forma mais estruturada a questão da reutilização e que se avance com um combate mais apertado às perdas de água e intrusões salinas na rede.

Outras soluções que estiveram em cima da mesa foram a construção de uma nova barragem no Algarve, medida aliás já preconizada no estudo este ano apresentado publicamente pela AMAL, o PIAAC – Plano Intermunicipal de Adaptação às Alterações Climáticas no Algarve, e a questão da criação de uma central de dessalinização da água do mar.

Para António Pina é claro que, a curto prazo, os 16 municípios do Algarve devem em conjunto e em primeira linha, ter o compromisso de mitigação destas medidas para combate à seca, no que à escala dos municípios poderá ser feito, nomeadamente controlar e combater as perdas de água, apostar numa mudança de hábitos de consumo da água, apostar na promoção da reutilização das águas residuais para usos urbanos e de rega, ou equacionar a alimentação de aquíferos. “Chova muito ou não, esta questão não pode ser abandonada. Cabe-nos, a nós autarcas, fazer o que estiver ao nosso alcance para por em prática soluções que possam, a curto prazo, minimizar os efeitos da seca”.